terça-feira, 23 de março de 2010

Uma divagação

Esta é uma representação do nosso aparelho cognitivo, segundo Freud. O seu famoso iceberg.





Está lá representado o nosso consciente (na parte imersa) e o nosso inconsciente (na parte submersa). Entre estes dois, existe uma minúscula porção de pré-consciente. Nestes instrumentos cognitivos, estão representados também o ID, o ego e o superego. Para os curiosos, o Google é um excelente motor de busca.

Muitos se calhar, devem achar que o psicanalista era doido. Desde quando é que, afinal, somos mais selvagens do que se pensava? Não somos animais racionais? Mas, então... Porquê?

Tão simples e no entanto tão complicado... Temos funções básicas, movimentos involuntários, reacções instantâneas a todos os impulsos interiores/exteriores. O bater do coração, respirar ou até mesmo o afastamento da mão quando nos queimamos. Sim, este último. Um exemplo tão prático. Estamos nós a cozinhar, muito bem... Deitamos tudo para dentro da panela e pomos o fogão a funcionar. Tudo igual o que é costume, mesmo ingredientes, mesmas quantidades, mesma pressão gasosa (caso o gás esteja a acabar, já é outra divagação). De repente, lembramos de ir ver se o "Bispo visitou cozinha" (dizem aqui isso quando a comida queima, go figure?). Basta uma distracção e acabamos por colocar a mão na parte mais quente da panela. O nosso instinto? Afastar a mão mais rápido que a velocidade da queimadura. Arde como um raio e metemos a mão debaixo da água fria. Depois, amandamos umas caralhadas e chamamos todos os nomes conhecidos e não conhecidos à panela que não devia estar quente nessa altura.

Olhamos para a panela, e se estiver alguém que não seja pior que nós na cozinha, pedimos para terminarem de cozinhar. Depois pedimos para fazer o almoço no outro dia, e o jantar, e novamente almoço... Até que passamos uns tempos longe da cozinha, com uma reina maldita àquela panela. Passar pela porta sem olhar. É por isso que não cozinhas mais? Vais fugir de todas as panelas?

Eu, penso, mas penso muito. Penso para mim:

Mas porque é que te queimaste, Miúda? És parva, só pode, não fazes uma certa.

É então que retiro as minhas próprias conclusões. Tenho várias soluções. Deitar a panela fora depois de saltar em cima dela e dizer todo o mal que me fez... Nunca mais me aproximar da cozinha... Deixar a panela num canto qualquer e olhar com ar de desprezo e dizer que está de castigo, fazendo inveja com outras panelas, fazendo festinhas nelas...

Penso nas consequências. Ódio, não me irá trazer satisfação nenhuma, ajo através do meus impulsos (inconsciente outra vez?). Não posso simplesmente ignorar, já que se o fizer, morro à fome. Castigar? Julgar? Quem faz isso é apenas um.

Vou manuseando, apalpando, devagar, até conseguir esquecer o que se passou. Num desses movimentos investigantes, descubro que a panela, afinal, já deu o que tinha a dar. É então que encosto-a de vez e vou usando outras enquanto... Amanhã ou depois, compro outra, quando me fizer falta.

Ainda dizem que somos racionais? Há coisas que falam por si. Nós não somos melhores que os outros seres que vemos. No fim de contas, somos todos iguais, só temos a capacidade de saber que 1+1=2. Os nossos instinto são inconscientes, tão inconscientes que o nosso primeiro impulso a uma emoção forte, é, simplesmente, fugir. O pior de tudo? Diz-me tu.

Chega, não escrevo mais porque ninguém vai ler.

Alanis Morissette:You Learn http://www.youtube.com/watch?v=GFW-WfuX2Dk

You live you learn

You love you learn

You cry you learn

You lose you learn

You bleed you learn

You scream you learn

You grieve you learn

You choke you learn

You laugh you learn

You choose you learn

You pray you learn

You ask you learn

You live you learn

2 comentários:

Marta Velosa disse...

eu tava a gostar de ler --'
tinhas qe parar de escrever??
epah, desmancha prazeres...! :c

Sílvia disse...

"Os nossos instinto são inconscientes, tão inconscientes que o nosso primeiro impulso a uma emoção forte, é, simplesmente, fugir."

Concordo plenamente com o que escreveste!